Como eu mosto no livro, “Verdadeiras Intrigas Medievais: Como os reis chegaram e se mantiveram no poder na Idade Média“, as guerras entre regiões da Europa eram recorrentes, desde a queda do Império Romano do Ocidente até o início da Idade Contemporânea existem esses conflitos. Historicamente esses conflitos começaram como contendas entre reis e famílias nobres.
Naquele acordo medieval de suserania e vassalagem, houve muitas disputas sobre quem era o vassalo ou suserano. A Inglaterra e a França passaram boa parte da era medieval resolvendo esses acordos, até a Guerra dos Cem anos acabar e outra dinastia subir ao trono Inglês. Ou seja, os conflitos sobre as terras vieram dos reis mas acabou passando tanto tempo (em torno de mil anos) que as pessoas tomaram as posições dos reis para si.
Após o Renascimento Cultural, a Reforma Protestante e a Contrarreforma começa a surgir os Estados Nacionais, a intenção por parte do povo de aceitar isso vem da ideia de que o Estado tem que organizar e dar assistência ao povo, assim como Thomas Hobbes diz no livro Leviatã., as pessoas entregam ao governante que pode ser um rei ou uma república, em troca desses benefícios. Porém por parte do soberano isso muitas vezes não acontece, como vimos nos acontecimentos que levaram à Revolução Francesa. A nobreza e a realeza governantes tinham como última prioridade cumprir o papel do Estado como Hobbes descreve. As pessoas começam a se revoltar por causa disso, e aquela dinastia que governava a França centenas de anos finalmente cai.

O grande problema é que ao chegar ao século XIX, com a tecnologia e a ciência em evolução acelerada, aquela mentalidade dos reis que veio lá do começo da Idade Média ainda permanece na mente as pessoas. Esse negócio de qual região é de qual estado ainda é capaz de criar atritos entre as regiões da Europa. Como foi o caso da Alsácia-Lorena, uma região que esteve em disputa monárquica desde que foi demarcada, o domínio dessa região não era algo reivindicado pelo povo mas sim pelos senhores feudais, reis, e nobres. Enquanto os líderes travam guerras, o povo é que tem que lutar e morrer nesses conflitos.

Uma das formas mais eficazes de unir as pessoas é arranjar um inimigo comum, que nem precisa ser real muitas vezes, até hoje existem pessoas que até hoje temem o comunismo, mesmo após trinta e dois anos da queda do muro de Berlim e o fim da URSS. Embora o nacionalismo tenha causas mais complexas, é possível perceber que a visão das pessoas sobre a guerra antes de acontecer as duas grandes guerras era diferente do que nós temos hoje.
Então, a realidade da época era uma sociedade que estava se tornando urbana cada vez mais rápido, haviam os donos de fábricas, os empresários ricos, uma burguesia, e muita gente queria ir contra ao mainstream, principalmente os artistas. De certa forma, certos movimentos artísticos como o cubismo surgiram como uma reação a tudo o que acontecia naquele período, como podemos ver na pintura Garota com Bandolim, de Pablo Picasso.

A unificação da Itália e Alemanha, após séculos vivendo como pequenos reinos independentes que estavam em constante conflito, somado a tecnologia militar, ao sentimento de nacionalismo. Isso fez com que certos movimentos artísticos de vanguardas apoiassem coisas completamente diferentes, como o nacionalismo e socialismo, na visão de hoje em dia, pois as novas ideologias não eram tão claras na época anterior as duas grandes guerras.
Como o futurismo surgiu entre artistas italianos apenas alguns anos antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, nós podemos ver alguns desses artistas apoiando ideologias como o fascismo, chegando até mesmo a se alistar para a guerra, como aconteceu com Umberto Boccioni, que morreu ao se preparar para o conflito, sendo pisoteado por um cavalo.

Como todo futurista, Umberto Boccioni pintou obras como a Visão Simultânea, em que ele retrata paisagens urbanas, não há como ignorar as questões que estavam se apresentando nessa época antes da ocorrência das duas grandes guerras.
Essa união da arte com a política estava começando a ficar cada vez mais forte, no século XIX, embora os artistas franceses tivessem sido afetados pela Guerra Franco-Prussiana, ainda não havia essa função social e política que denunciava os males da sociedade. Algo que se tornará cada vez mais comum no século XIX, artistas como o marido de Frida Kahlo, Diego Rivera, que se juntou ao Partido Comunista Mexicano, chegando até mesmo a pintar um mural nos Estados Unidos com a imagem de Vladimir Lenin, no auge do macarthismo.
O advento da Primeira Guerra Mundial mudou a visão que as pessoas possuíam sobre o assunto, as consequências dessa guerra foram desastrosas para toda a Europa. Os artistas que antes se mantinham um pouco afastados dessas questões não tiveram como ignorar esse acontecimento. Por isso temos uma obra de caráter político e social de denúncia, que se chama Guernica, feita por Pablo Picasso.

A partir do século XX a arte vai assumir um papel cada vez mais político.
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