“O convencimento da sociedade através de elementos simbólicos se torna mais eficiente do que o uso da força, pois esta poderia ser questionada quanto à legalidade e legitimidade” *
Tomada do poder pelos proletários, socialização dos meios de produção e distribuição igualitária de renda. Existe diversos motivos dessa receita levar para o desastre, pois na realidade, o que se consegue é uma ditadura totalitária, morte a quem discorda da política do “Partido”, e a criação de duas classes: o povo e os revolucionários do partido.
Felizmente não há na mentalidade dos brasileiros essa ideia de revolução do proletariado, nós acreditamos na Meritocracia, não temos ódio de quem trabalha e ganha bem, lutamos pra também estar nessa situação, tem gente que concilia trabalho e estudo, uns acordam ás 4h da manhã pra ir trabalhar todos os dias e receber ao final do mês o merecido salário. A maioria da população brasileira vive e pensa assim (Se a meritocracia existe ou não no nosso país, isso é assunto pra outro post).
Para que exista a aceitação da ideia de revolução do proletariado e implantação do socialismo o povo tem que ter três coisas: um líder que é contra o povo abertamente, uma população miserável, e um grupo que prometa dar amparo à essas pessoas em situação de miséria e que seja contra esse líder impopular.
Quando ocorreu a Revolução Russa, havia todos esses ingredientes. Existia um Czar, sua família e amigos no poder, fazendo nada pra ajudar a população russa que vivia na miséria. E pra completar, o czar decidiu que a Rússia participaria da Primeira Guerra Mundial.
Tinha um grupo de pessoas, intelectuais com ideias socialistas, que prometiam transformar o país numa nação desenvolvida, sem miseráveis e com o bônus de tirar o país da primeira guerra. E o que aconteceu foi que, em resumo, o povo russo protestou contra essa falta de amparo por parte do Czar e ele respondeu, desastradamente, mandando que atirassem nos manifestantes, e isso ocorreu em duas ocasiões diferentes.
Os grupos que queriam implantar o socialismo se aproveitaram dessa falta de noção do Czar e através de uma sucessão de eventos favoráveis, conseguiram chegar ao poder.

Aqui no Brasil, nunca existiu uma chance de isso acontecer, não só por falta dos ingredientes, pois na época que aconteceu a Revolução Russa, o Brasil tinha acabado de entrar no regime de democracia, e depois a ideia anti-comunista tinha se espalhado muito rapidamente nos países que apoiavam os EUA e Inglaterra, que eram capitalistas.
Porém como as pessoas não sabiam bem naquela época o que levava um país ao regime socialista ou quais eram os fatores (que são complexos) que conduziriam à uma mudança radical de regime econômico e político, ou seja, de capitalismo para socialismo.
Então alguns políticos se aproveitaram dessa falta de conhecimento e usaram a histeria coletiva, ou seja, o medo do fantasma socialismo/comunismo, para chegar ao poder e implantar uma ditadura de direita, supostamente, para proteger o país de outro tipo de ditadura: a do proletariado. E não, não estou falando do ano de 1964.
Plano Cohen e Estado Novo
No ano de 1930, com o Brasil saturado da política do café com leite, chega ao poder Getúlio Vargas.

Como ele tinha que ir contra a elite agrária do café, agradar os operários e industrializar o Brasil, coisas que a oligarquia da época não queria, Getúlio tomou algumas medidas para tirar o poder dessa elite, e para isso ele substituiu os governadores dos estados, instituiu o voto secreto e o voto feminino, criou o ministério do trabalho, proibiu jornadas de 18 horas e o trabalho infantil.
Claro que ele teve uma oposição ferrenha, e chegou a um ponto que seria melhor (para ele) se não precisasse lidar com essa oposição…se ele fosse o único com poder político de fato, sim, estou falando de uma ditadura. Mas como fazer isso?
Uma maneira de convencer o povo brasileiro de que era necessário uma ditadura é usar o medo do comunismo no Brasil, que os brasileiros possuem. E foi exatamente isso o que Vargas fez.
Os militares varguistas, no dia 30 de setembro de 1937, foram num programa de rádio e denunciaram um suposto plano dos comunistas para derrubar Vargas e os comunistas assumirem o poder, o Plano Cohen.
E assim começa um período de ditadura de direita que ficou conhecido como Estado Novo.
Posteriormente descobriram que o Plano Cohen era uma farsa.
O que é pior do que ser enganado uma vez? É ser enganado duas vezes. Em 1964, usaram de novo a histeria anti-comunista para implantar outra ditadura. Por mais que tenha tido grupos armados de esquerda, não havia apoio popular que sustentasse uma ditadura de esquerda. E assim ficamos mais 30 anos num regime de ditadura militar de direita.
Quando o brasileiro vai descobrir que não existe o perigo “comunista“ no nosso país? Espero que logo, pois ser enganado uma terceira vez já seria demais. E democracia é muito melhor do que uma ditadura.

*Fonte: Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas, Márcia Yumi Takeuchi.
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