“Mas a propósito da avaliação dos homens, é espantoso, que salvo nós, nenhuma coisa seja avaliada a não ser por suas próprias qualidades.” Michel de Montaigne, Ensaios.
Quando vemos um vídeo de um cão que não abandona sua companheira canina morta, que foi atropelada na estrada. E quando assistimos “Sempre ao seu lado” e ficamos emocionados com a história do cachorro que esperou até sua morte pela volta do dono que o adotou e que nunca voltaria porque ele morreu de infarto. (história baseada em fatos reais).
Nós nos sentimos emocionados pela grandiosidade do animal em fazer um ato que parece humano? Ou a emoção vem quando olhamos a coleira que ele está usando (se ela é feita de ouro, ou se ele tem uma coleira)?
Se julgamos o caráter de um cachorro pelos seus atos, por que julgamos um homem pelo que ele veste ou possui?
O filósofo humanista Montaigne, no século XVI fez essa mesma pergunta e foi além. Disse que numa comédia de palco, os atores conseguem interpretar o personagem de um imperador e depois um miserável carregador, e é só olhar atrás das cortinas e perceber que o ator faz os dois personagens porque a diferença entre eles, é que o imperador tem mais pompa e títulos.
Nenhum homem é melhor em caráter que o outro apenas porque um possui mais riquezas que o outro, ou mais status social. A morte, a doença atingem o presidente e o pedreiro do mesmo jeito, pois são dois seres humanos.
E como dizia Sócrates, “a virtude não vem da fortuna”.
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