Muitos devem ter ouvido essa palavra “sufragistas” mas poucos sabem o real significado desse termo. Sufrágio é o direito de se manifestar politicamente e de votar em eleições diretas ou indiretas.
Historicamente, quando houve algum tipo de regime político com consulta pública através de votação, normalmente era restrito à poucas pessoas e quem podia se manifestar politicamente era um grupo pequeno.
Na Grécia Antiga em Atenas, o berço da democracia, quem tinha direitos políticos era o cidadão ateniense. Mas para ser cidadão em Atenas a pessoa tinha que ser homem, maior de 21 anos, ateniense e filhos de pais atenienses. Os direitos políticos ficavam retidos à um pequeno grupo. Roma também teve um momento de República com direito a votação.
Dos conselhos do Rei ao Sufrágio Universal
Após a queda do Império Romano do Ocidente, a Europa entra na famosa Era Medieval, e quem tinha direitos políticos eram o clero e a nobreza. Quando começa a surgir pequenos reinos, aparecem os conselhos do Rei.
São esses conselhos que vão aos poucos se tornando parlamentos. E o primeiro parlamento no sentido moderno da palavra surge na Inglaterra no século VIII. A medida que os direitos políticos começam a se ampliar logo surge a luta pelo direito ao Sufrágio Universal, que eliminaria o critério de hereditariedade, propriedades e renda nos processos políticos.
A luta pelo Sufrágio Universal ficou famosa e virou pauta essencial com o advento da Revolução Francesa em 1789.
Mas as mulheres sempre foram excluídas desses processos que aumentavam os direitos políticos. O Sufrágio Universal era válido somente ao homem.
A luta pelo Sufrágio feminino
Numa sociedade extremamente machista como era a Europa na época da Revolução Francesa, a voz das mulheres foram silenciadas, apesar delas terem sido fundamentais para a Revolução que aconteceu.
Foi um grupo de mulheres que realizou uma marcha até o palácio de Versalhes para exigir que o Rei cedesse à pressão do terceiro estado* e assinasse a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. E foi essa marcha das mulheres que expulsou o Rei de Versalhes e o obrigou à ir para Paris e viver no palácio das Tulherias, essa mudança de residência do rei também era uma reinvindicação dos revolucionários franceses, principalmente do terceiro estado.

Olympes de Gouges cujo nome verdadeiro é Marie Gouze escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã para contrapor a sua versão masculina que excluiu as mulheres da vida política. Olympes de Gouges é considera pelas americanas da década de 70 como a precursora do feminismo.
As mulheres da revolução também fundaram o Clube das Mulheres Patrióticas. E ao contrário do que muitos podem pensar, (além de direitos políticos) uma das exigências dessas mulheres era o direito de ir pra guerra e fazer parte da Guarda Nacional.

Como em todas as reinvindicações sobre o direito político das mulheres surgem homens com medo de perder o direito de posse das mulheres, então alguns teóricos da revolução conseguiram adiar o direito ao Sufrágio feminino.

Porém, com a ascensão de uma sociedade burguesa e do capitalismo industrial, as mulheres se tornam essenciais como mão de obra nas indústrias, pois a remuneração aos trabalhadores era muito baixa e apenas uma pessoa na família trabalhando era inviável.
Na França da Revolução Francesa e na Inglaterra da Revolução Industrial as mulheres conquistaram diversos direitos como ao divórcio.

A conquista dos direitos políticos pelos burgueses inspira as mulheres a buscarem seus direitos políticos por meios legais. Então as mulheres criam organizações como a União Nacional das Sociedades de Sufrágio Feminino no Reino Unido, que lutavam utilizando as vias legais.
Em 1903, Emmeline Pankhurst fundou a Women Social and Political Union, que ficou conhecido como as Sufragistas. Essa organização começa a adotar uma postura de confronto, em que mulheres foram presas e aderiram a greve de fome, ainda fizeram diversos protestos com cartazes, colocaram bombas em diversos locais como na Abadia de Westminster.

No começo do século XX o movimento pelo direito ao voto feminino é muito diversificado, existem mulheres de diversos espectros políticos nessa luta. O movimento sufragista não foi aliado a nenhum partido político. Nos Estados Unidos são realizadas diversas marchas e protestos em favor do Sufrágio feminino.

Apesar de existirem alguns lugares como a Nova Zelândia que permitiram a participação política da mulher já no século XIX é após o século XX que as mulheres finalmente vão conquistar o direito ao voto e a participação política em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. A Finlândia é o primeiro país europeu a conceder o Sufrágio feminino.
No Brasil as mulheres ganham direito ao voto em 1932 sob o governo de Getúlio Vargas.
*Antes da Revolução Francesa as pessoas eram dividas em três grupos políticos, os estados. No primeiro estado estava o clero, no segundo a nobreza e no terceiro o resto da população.
Referências:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Femmes_sous_la_R%C3%A9volution_fran%C3%A7aise
https://fr.wikipedia.org/wiki/Suffragette
https://en.wikipedia.org/wiki/Women%27s_suffrage
https://fr.wikipedia.org/wiki/National_Union_of_Women%27s_Suffrage_Societies
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