Durante o século XVII o teatro era um entretenimento da aristocracia e nobreza. As peças teatrais faziam sucesso no interior e depois seguiam para serem apresentadas em Paris. Como montar uma peça teatral era um investimento excessivamente caro, o patrocínio o Rei se tornava imprescindível.
Na época do reinado de Luís XIV, devido as guerras caras, o investimento na construção do palácio de Versailles, e posteriormente a radicalização religiosa do rei fez com que algumas companhias de teatro caíssem em desgraça. Apesar desses problemas enfrentados pelo teatro na França em geral, foi nessa época que viveu o famoso dramaturgo Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière.
Molière e a crítica da sociedade
Jean-Baptiste Poquelin, Molière, veio de uma família de mercadores e no início de sua carreira fundou a companhia de teatro Illustre Théâtre, que acabou não tendo sucesso. Entre 1653-1655 Molière criou a sua primeira grande comédia L’Étourdi ou les Contretemps em Lyon na França.
No ano de 1658 ele foi aprovado por Philippe d’Orléans, o Monsieur, o único irmão de Luís XIV, e se tornou a Trupe do Monsieur começou a fazer suas apresentações no teatro Petit-Bourbon.
Em 1659, o dramaturgo estreia a peça Les Précieuses ridicules, interpretando o criado Mascarille. Essa peça em um ato fazia uma grande sátira ao esnobismo e aos costumes dos nobres nos salões de Paris. O sucesso foi tanto que na época diziam que as pessoas vinham a vinte léguas de Paris somente pra se divertir.
Moliére ganhou uma sala pra se apresentar na residência de Felipe de Orleans em Palais-Royal e depois passou a fazer apresentações em château de Vaux-le-Vicomte e inaugurou o teatro-balé para agradar Luís XIV.
Sua quarta grande comédia foi a L’École des femmes na qual ele desafia as ideias de casamento e status das mulheres. Sua quinta comédia foi uma das mais polêmicas de sua carreira, intitulada Le Tartuffe ou l’Imposteur, que coloca a religião sob uma luz cômica e coloca a questão da separação da Igreja e do Estado, por causa disso Luís XIV proibiu essa peça de ser encenada.
Em sua defesa, Moliére escreveu num panfleto:
“Sendo o dever da comédia corrigir os homens enquanto os entretém, acreditava que, no trabalho em que me encontro, nada melhor do que atacar com pinturas ridículas os vícios de meu século; e como a hipocrisia é sem dúvida uma das mais usadas, a mais inconveniente e a mais perigosa, tive, senhor, o pensamento de que não prestaria um pouco de serviço a todas as pessoas honestas de seu reino, se Eu estava fazendo uma comédia que denunciava os hipócritas e colocava devidamente em vista todas as caretas estudadas dessa gente excessivamente boa, toda a malandragem encoberta por esses devotos falsificadores, que querem pegar homens com zelo falso e instituição de caridade sofisticada.”
Autores do Iluminismo
François-Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, foi um dos maiores dramaturgos da França no século XVIII, além deter sido um filósofo iluminista e adepto do despotismo esclarecido.
Durante sua vida Voltaire foi exilado de Paris e passou um tempo na Inglaterra, onde teve contato com as obras de Shakespeare. Ele escreveu cerca de cinquenta obras de dramaturgia e se apresentou nos palcos da Comédie-Française ou Théâtre-Français.
Denis Diderot, outro iluminista, defendia que o teatro deveria apresentar um espelho realista das práticas cotidianas. Para Diderot o teatro poderia ser usado como uma forma de ensinar o povo.
Outro destaque no teatro foi Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, editor de Voltaire, fundador da Société des auteurs et compositeurs dramatiques (sociedade dos autores) e a favor dos direitos autorais com a inclusão disso na Loi Le Chapelier.
Beaumarchais era a favor da liberdade de opinião e sua peça mais famosa foi La Folle Journée, ou le Mariage de Figaro.
A partir da Revolução Francesa o teatro deixa de ser exclusividade da nobreza para se tornar burguês.
Referências:
https://fr.wikipedia.org/ (Wikipedia francesa)
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