Nas aulas de história se fala muito sobre as grandes navegações, o motivo de Portugal ter sido um dos primeiros reinos a investir na expansão marítima, também é falado sobre as companhias de comércio, mas sempre no contexto metrópole e colônia. Não se diz muito sobre onde foi o ouro que extraíram do Brasil, o que acontecia com todos aqueles produtos do agronegócio colonial. São nesses detalhes que estão a origem do sistema econômico ocidental.
A grande demanda europeia por especiarias e a dificuldade em conseguir essas especiarias fazia com que fosse mais vantajoso a existência de um monopólio, por causa dos riscos que uma viagem marítima trazia. A República da Holanda estava em guerra com a coroa espanhola quando acontece o período da União ibérica e Portugal e Espanha foram administrados por um só governo. Então a Holanda se volta contra Portugal, que foi o pioneiro na expansão marítima, e cria a Companhia Holandesa das Índias Orientais, em holandês Vereenigde Oost-Indische Compagnie , ou VOC, no ano de 1602.
Em resumo, os investidores compravam papéis que garantiriam o lucro pela venda de especiarias vinda de expedições marítimas da companhia. Diferente do que se espera num mercado de investidores, o Estado holandês teve um papel decisivo na união de pequenos empreendimentos marítimos para a criação de uma grande empresa, a Companhia Holandesa das Índias Orientais. E foi esse mesmo Estado holandês que garantiu o monopólio da companhia.
Essa empresa possuía uma contabilidade muito obscura, que separava ativos e dividendos da Europa e Ásia. A companhia também ganhou poder político a ponto de conseguir indicar governadores e os membros dos conselhos em países em que tinha entrepostos comerciais. A VOC foi a maior companhia de comércio da época e é considerada por muitos como a primeira multinacional, mas devido aos altos níveis de corrupção dentro da VOC ela acabou entrando em falência.
Veneza era uma cidade estratégica que possuía o “sistema de quilates”, no século XIV, que é uma ancestral das sociedades anônimas. O sistema consistia em comercializar participações nas empreitadas marítimas em troca do retorno de uma remessa nos navios, a duração dos investimentos era limitada a uma viagem. O retorno do capital era incerto pois dependia do resultado dessa viagem.
No século XVII a Europa ainda não tem um sistema monetário unificado, circulavam nessa época em torno de 800 tipos diferentes de moedas. Muitas vezes essas moedas valem seu o seu peso em ouro ou prata, porém quanto mais tempo uma moeda ficava em circulação mais desgastada ela ficava, o Banco de Amsterdã foi criado para reestabelecer a ordem das moedas.
Os valores no Banco de Amsterdã obedeciam ao padrão monetário e a sua moedas não depreciavam, e o governo criou uma lei para que pagamentos acima de 600 florins holandeses fossem feitas em dinheiro do banco. As pessoas faziam depósitos em metais no banco e em troca recebiam um certificado de depósito do banco. O Banco de Amsterdã é citado no livro de Adam Smith, A riqueza das nações. Porém o banco entrou em falência após quebra da bolsa de valores com repercussão internacional em 1763.
A Revolução Gloriosa na Inglaterra desencadeou a revolução financeira britânica, com a criação do Banco da Inglaterra, seguradoras e o aumento da dívida pública para financiar a marinha inglesa.
Menção desonrosa…
O Banco do Brasil foi criado em 1808 quando a família real portuguesa chegou no Brasil após sua fuga das tropas de Napoleão. Em 1821, a mesma família real que criou essa instituição, faz um grande saque no Banco do Brasil antes de voltar a Portugal.
Referências:
https://www.infoescola.com/empresas/banco-do-brasil/
https://fr.wikipedia.org/wiki/Histoire_des_bourses_de_valeurs
Culturalizando 