Giorgio Giulio Clovio nasceu no ano de 1498 em Grižane-Belgrad no Reino da Croácia. O artista fez parte do movimento artístico do Renascimento Italiano, além disso Clovio é considerado um dos últimos grandes iluminadores renascentistas tradicionais. Sua fama como um pintor miniaturista vem do historiador renascentista Giorgio Vasari, que escreveu em seu livro de biografias Le Vite, que Giulio Clovio era um dos maiores miniaturistas iluminadores de sua época.
A maior parte do que sabemos sobre Giulio Clovio vem do livro de Giorgio Vasari. De acordo com o historiador, Clovio chegou a Veneza quando tinha em torno de dezoito anos de idade, sendo patrocinado pelo cardeal Marino Grimani. O artista teria estudado com Giulio Pipi (um pintor renascentista) e Girolamo dai Libri (um iluminador de manuscritos). Sabe-se que Clovio trabalhou para o Rei da Hungria, Luís II.
Uma das miniaturas feitas para uma iluminura de Giulio Clovio se encontra na imagem abaixo.

A imagem retratada nos fólios acima corresponde ao tema da Adoração dos Magos, uma miniatura típica de um livro das horas. Giulio Clovio decorou as páginas dessa iluminura que contém em torno de miniaturas do artista, com temas tirados do Antigo Testamento e o Novo Testamento. Como Clovio é um iluminador que pode ser colocado no movimento artístico da renascença, essa miniatura apresenta as características dessa corrente artística como o pouco uso do ouro, o maior uso do marfim em alusão à arquitetura da antiga Grécia e Roma, temos o uso da cor azul ultramarino, além dos corpos que aparecem ao em cada lado dos fólios, algo que também remeta a Antiga Grécia e Roma.
Outra miniatura atribuída à Giulio Clovio é o Colonna Missal. Abaixo está um dos fólios dessa obra.

No Colonna Missal temos um fólio decorado com um texto escrito em latim. De novo o artista não usa muito o ouro como material mas usa o vermelho e o azul. O interessante sobre esse missal está nas figuras representadas por Clovio, que são egípcias. Temos a representação de deuses egípcios como Osíris, um obelisco, e uma inscrição sobre de quem é essa Iluminura: “Divo Pompeio; Cardinali Columna”. Essa obra se encontra atualmente na John Rylands Research Institute and Library em Deansgate, Manchester na Inglaterra.
Além de fazer essas miniaturas elaboradas e bem ornamentadas, o artista também sabia fazer desenhos mais simples e elegantes, como podemos ver em outro dois fólios do livro das Horas Farnese.

Nos dois fólios acima vemos outro trabalho de decoração feito pelo artista, mas desta vez ele fez miniaturas para decorar páginas que contém textos, por isso o tipo de miniatura para fazer a ornamentação do fólio tem que ser mais delicada no sentido de não haver tantos detalhes, mas não sobre o tema escolhido pelo artista, que deve corresponder ao que está escrito no texto da página que tem que ser iluminada.
Nem sempre Giulio Clovio coloria muito suas miniaturas, como podemos ver na mesma Iluminura Horas Farnese.

O fólio acima é um exemplo de uma tendência que vinha desde a Idade Média, que era a simplificação da decoração e nível de detalhes das miniaturas. Na Alta Idade Média era comum que os livros iluminados tivessem até mesmo capas feitas com joias e ouro, à medida que o tempo foi passando e a estética artística evoluindo, as miniaturas nas iluminuras foram ficando mais simples ao ponto de serem somente desenhos pouco coloridos ou sem nenhuma pintura.
Giulio Clovio foi um artista que tinha um estilo renascentista próprio, algumas vezes ele fazia uma ornamentação mais elaborada, outras vezes ele ficava dentro da tendência de fazer somente desenhos pouco coloridos como podemos ver na imagem abaixo.

Muitas miniaturas feitas por Giulio Clovio, inclusive a da imagem acima se encontram hoje em dia na The Morgan Library & Museum em New York City.
O artista também era um grande pintor, em algumas de suas miniaturas mais bem preservadas podemos ver o talento de Giulio Clovio na arte de pintar como na imagem a seguir.

A conversão do procônsul romano Sérgio Paulo e a punição de Elimas mostra uma pintura típica do renascimento, o artista colocou os personagens em perspectiva, temos a representação das pessoas que estão na cena de forma realista, diferente das iluminuras medievais que mostrava imagens planas. Clovio pintou dois acontecimentos simultâneos, apesar de serem desarmoniosos em essência, na imagem a cena parece fluída.
Giulio Clovio era realmente um artista muito habilidoso.
Referências e Imagens:
https://en.wikipedia.org/wiki/Giulio_Clovio