Adélaïde Labille des Vertus nasceu em 1749 em Paris na França. A artista era uma pintora de retratos e uma especialista em miniaturas. Labille-Guiard pode ser considerada uma defensora de alguns direitos das mulheres pois ela defendia que as mulheres deveriam ter as mesmas oportunidades que os homens além de receber a mesma quantia por suas pinturas. A artista foi uma pioneira como mulher pois foi a primeira a ter um estúdio no Louvre além de se tornar membra da Royal Academy.
A artista mantêm contato com o miniaturista Jean Antoine Gros, pai de Antoine-Jean Gros. Não se sabe exatamente como era o relacionamento dos dois ou se Adelaide aprendeu a pintar com Jean Antoine Gros. O pai de Adelaide mantinha uma boutique de moda À la toilette que provavelmente deve ter aproximado Adelaide do mundo artístico.
As miniaturas eram pinturas que geralmente tinham formatos para serem colocados em objetos pessoais como peças de joalherias, papel, adornos e etc.

As miniaturas de Adelaide Labille-Guiard eram muito procuradas, podemos ver como eram os trabalhos da artista nesse tipo de arte na imagem abaixo que mostra um autorretrato da artista.

Na pintura acima vemos que Adelaide retratou seu estúdio artístico, com seu material de trabalho. Sua obra se encaixa no Rococó. Como a artista começou a pintar um pouco antes da Revolução Francesa, ainda no fim do Antigo Regime, suas pinturas retratam a moda da época que era os vestidos de cetim e seda com rendas e babados, mas como Adelaide não fazia parte da realeza, a artista não usava as famosas perucas.
Adelaide Labille-Guiard tinha uma carreira como pintora muito próspera até mesmo a realeza buscava fazer encomendas com a artista. Uma miniatura confeccionada por Adelaide foi um retrato da princesa Élisabeth da França.

Élisabeth da França era irmã de Luís XVI e foi retratada numa miniatura por Adelaide Labille-Guiard, nessa pintura podemos ver como era a moda na época, essas imagens hoje em dia servem como registro histórico, também notamos o grande talento de Adelaide Labille-Guiard.
Em sua época havia outra pintora retratista que também havia conquistado a corte com seus talentos artísticos, Élisabeth Vigée Le Brun, porém, Adelaide Labille-Guiard produzia retratos diferentes, mais realistas, pois, diferente de Le Brun, Adelaide não corrigia “defeitos” no rosto.
Por causa da limitações de aprendizagem por conta de ser uma mulher artista no século XVIII, a artista pintava somente retratos de busto, os de corpo inteiro eram raros, mas Adelaide aceitou encomendas desse tipo de pintura, uma dessas obras se chama Madame Victoire da França.

O retrato de Madame Victoire da França é uma pintura do movimento artístico do Rococó, esse tipo de obra é muito rara, ainda mais confeccionada por uma mulher. Mesmo assim não tem diferenças significativas por ser de um gênero diferente, a pose de perfil, num degrau, perto de uma estrutura que parece ser um prédio público, com trajes da moda realistas. Ainda existe o fundo de nuvens, as árvores, e a paleta de cores mais azulada.
Uma das pinturas que mostram o lado feminista de Adelaide Labille-Guiard se chama Autorretrato com duas alunas.

Autorretrato com duas alunas pode ser considerada uma pintura ousada por mostrar outras duas mulheres que também seguem a carreira de pintoras. O século XVIII ainda era uma época hostil ao trabalho das mulheres, ao direito das mulheres, mesmo após a tão aguardada Revolução Francesa que derrubou o Antigo Regime, ainda assim, as mulheres foram postas de escanteio, apesar de sua participação ativa na revolta. Então, três mulheres artistas numa pintura era considerada uma afronta aos costumes da época.
Quanto as qualidades técnicas de Autorretrato com duas alunas temos um autorretrato intimista que está no limiar do Rococó quase no movimento artístico do neoclassicismo, as pinturas da antiguidade tinham esse molde. Além da paleta de cores realista escolhida pela artista, e seu retrato fiel aos detalhes. Adelaide usa um vestido brilhante de seda enquanto suas alunas estão utilizando vestidos com tecidos mais simples, e a artista consegue imprimir essas texturas diferentes nessa tela.
Além de pintar retratos de mulheres, Adelaide também fez retratos de homens como podemos ver na obra O pintor Van Loo.

O pintor Van Loo é uma pintura que seria restrito a um homem para pintar, por isso essa obra é considerada mais um dos feitos de Adelaide Labille-Guiard, pois a artista conseguiu quebrar essa barreira de gênero. A pintura pertence ao movimento artístico do Rococó, graças aos objetos da pintura, mesmo que não soubéssemos que o título era “Pintor Van Loo” poderíamos supor que homem retratado nessa pintura era um pintor por causa dos objetos que ele está segurando e da tela inacabada que se encontra no fundo.
Como uma membra da Royal Academy, Adelaide Labille-Guiard lutou para que mais alunas fossem aceitas na instituição e que também as mulheres fossem aceitas na administração, ela conseguiu que esses dois pedidos fossem aceitos.
Quando eclodiu a Revolução Francesa, por causa de suas ligações com a realeza, e por ser mulher (para alguns homens fizeram vistas grossas), a Revolução prejudicou sua carreira.
Adelaide Labille-Guiard morreu em 1803.
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