O vidro veneziano é um tipo de vidro feito em uma ilha veneziana chamada de Murano. Na Idade Média, Veneza se tornou um grande ponto comercial, pois se encontrava nas rotas comerciais entre o ocidente e o oriente. Durante o período de fragmentação do Império Romano, primeiro entre ocidente e oriente, uma parte de Veneza ficou sob o domínio do Império Bizantino. Veneza era conectada, por via marítima, a Ravenna, uma região importante no período do Império Bizantino.
Como Veneza se encontrava relativamente isolada, acabou se tornando com o tempo uma cidade-estado. Após uma espécie de luta bem sucedida contra os piratas da região, Veneza se torna um dos centros comerciais mais importantes da Europa. Devido ao contato com diversas regiões do oriente, os vidraceiros de Veneza conheceram diversas técnicas para fabricação de vidro.
No Império Romano existia um tipo de associação de mercadores conhecido pelo nome de collegium, durante a Idade Média essa ideia se transformou numa organização que ficou conhecida pelo nome de Corporações de Ofício ou Guildas. Para exercer qualquer tipo de trabalho artesanal, a pessoa precisava ser aceita numa Guilda, sob pena de sofrer sanções se trabalhasse fora dessas corporações de ofício.
No século XIII, toda a produção de vidro feita em Veneza ficou confinada a ilha de Murano. A ideia de concentrar a produção de vidros numa ilha surgiu porque esse tipo de atividade exige fornos muito quentes e por causa disso havia o risco de incêndios, também era conveniente manter os artesãos que faziam esses vidros num local isolado e de difícil acesso. Esses vidraceiros não podiam deixar a ilha de Murano sem ter uma permissão especial para fazer isso.
Os artesãos de Veneza desenvolveram diversas técnicas que tornou esses vidros um produto cobiçado em toda a Europa. Uma dessas técnicas resultava num vidro completamente transparente conhecido pelo nome de Cristallo.

A taça feita de Cristallo que está acima foi produzida por volta do século XVI. Os artesãos utilizavam uma mistura diferente, quartzo em vez de areia, que resultava numa mistura que podia ser purificada usando água.
Um outro tipo de técnica inventada pelos artesãos venezianos resultava num vidro chamado de Goldstone ou vidro aventurino. O goldstone servia para fazer detalhes em outras peças de vidro e cerâmica como na imagem abaixo:

Essas duas peças acima apresentam detalhes dourados que são o vidro goldstone.
Também eram fabricados em Murano pequenas contas de vidro que eram usadas na confecção de rosários. As contas são as bolinhas que são móveis num rosário e são utilizadas para contar o número de orações e rezas feitas. A imagem abaixo mostra um rosário.

Hoje em dia existem diversas contas de Murano, não são fabricadas na ilha mas essas contas de vidro parecem muito com as contas vindas de Murano no passado.
Uma outra técnica de fabricação de vidros era chamada de Millefiori. Esse tipo de técnica resultava num vidro com padrões, como aparece na imagem a seguir:
Filigrana é uma técnica de produzir vidros que resulta num vidro com padronagens em relevo, como está representado na imagem abaixo:
Lattimo é uma outra técnica de fabricação de vidros venezianos, os vidros que resultavam dessa técnica eram brancos, parecidos com porcelana, essa técnica visava a confecção de peças parecidas com peças de porcelana.
A peça mostrada na imagem acima é um vidro lattimo esmaltado, ou seja, que foi decorado com imagens. A palavra lattimo significa copo de leite, nomeado assim por causa da cor branca e opaca do vidro lattimo.
Os vidros fabricados na Ilha de Murano eram muito famosos na Idade Média, diversas regiões compravam essas peças feitas nessa região de Veneza. Reis, rainha e famílias nobres iam à ilha de Murano para comprar esses vidros cobiçados por todos.
Apesar dos grandes esforços para manter as técnicas de vidraçaria em Murano como se fosse um segredo infelizmente falharam, a partir do século XVII, os ingleses tinham um grande interesse em aprender a fabricar vidros para poder exportar por toda a Europa.
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