Franscisco Solano López, invadiu o Brasil, depois o Uruguai e a Argentina. Tem muitas pessoas que falam que a Inglaterra foi a responsável por incentivar a guerra contra o Paraguai pois temia que este país se tornasse um grande império. A história oficial da participação do Brasil na Guerra do Paraguai é esta versão.
Claro que o conflito se desenrolou de uma forma muito sangrenta, como Fernando López recusava a rendição, ele praticamente enviou todos os homens do Paraguai para lutar na guerra, deixando o Paraguai com uma população de mulheres, crianças e idosos. A economia do Paraguai não conseguiu se reestabelecer após esta guerra. O Paraguai perdeu territórios para o Brasil, quase 70% da população do Paraguai morreu em decorrência da guerra, direta ou indiretamente.

Nós vimos a mesma situação ocorrer na Alemanha quando esta perdeu a guerra primeira guerra, porém a Alemanha teve perdas um pouco menores que o Paraguai, mas sua economia ficou destruída, a população alemã ficou um pouco ressentida por causa do acordo de paz que impuseram ao país. E conseguiu fazer uma segunda guerra. Porém o Paraguai nunca conseguiu se estabelecer a ponto de iniciar outra guerra, não podemos esquecer que a América Latina inteira foi uma colônia europeia que extraíram todas as riquezas que puderam extrair.
A versão sobre os motivos do conflito que é ensinado nas escolas do Brasil, é esta de que de alguma forma houve um complô formado pela Inglaterra e Brasil contra o Paraguai, que seria uma grande potência que ameaçaria a Europa, inclusive o Brasil.
Mas esta versão ignora alguns fatos, o primeiro fato é que os Estados Unidos estavam despontando como uma potência. Foi nessa época que os americanos compraram territórios, invadiram outros, iniciaram conflitos para conseguir ter uma extensão territorial que fosse do do Oceano Atlântico até o Oceano Pacífico.
Se existe um país que estava crescendo economicamente no continente americano e estava se tornando uma potência capaz de competir com a Inglaterra, este país era os Estados Unidos.
Outro fato também esquecido por quem adota esta versão de Brasil e Inglaterra querendo destruir a potência Paraguai, são os aliados do Brasil. Uns anos antes desta guerra, D. Pedro II, numa política imperialista intervém na política da Argentina, ajudando a derrubar um presidente e apoiando o outro. E fez o mesmo com o Uruguai.

Na Guerra do Prata, ninguém ficou feliz com o Brasil, que impediu a união entre Uruguai, Argentina e Paraguai. Nosso país praticamente trocou os presidentes do Uruguai e Argentina.
E após a Guerra do Prata, o Brasil, Uruguai e Argentina se unindo contra a potência Paraguai é no mínimo estranho. É quase o equivalente a unir a URSS e Estados Unidos, num acordo militar que aconteceu num caso muito extremo que foi a Segunda Guerra Mundial. A Argentina e Brasil eram países rivais, após o fim da Guerra do Paraguai nem conseguiram entrar num acordo.

O Brasil perdeu o Uruguai na Guerra da Cisplatina, então nem pelo lado do Uruguai uma união desses países aconteceria em uma situação normal. Muito menos entre a Argentina e Uruguai por causa da Guerra do Prata.
O terceiro ponto é a questão Christie, a Inglaterra e o Brasil estavam tendo atritos diplomáticos que poderiam resultar numa guerra entre os dois países. Com D. Pedro II se recusando a ceder sobre qualquer coisa que colocasse ele como o errado na questão Christie.
Em resumo a questão Christie aconteceu por dois acontecimentos, a prisão de dois oficiais ingleses e o saque de cargas de navios que estavam naufragando.
Se a gente pensar um pouco pelo lado de D. Pedro II, sobre os dois arruaceiros ingleses, ele até tinham razão, havia uma lei, e fazer arruaça era proibido. Mas havia toda essa questão diplomática, então a prisão dos marinheiros ingleses era ilegal do ponto de vista internacional.
E quanto ao saque do navio inglês, Prince of Wales, que naufragou o governo brasileiro não quis assumir a responsabilidade. Os britânicos alegavam que o governo era negligente quanto a esses crimes, e disse que havia até indícios de que os sobreviventes do naufrágio foram assassinados por brasileiros. O governo brasileiro investigou estes crimes mas não havia destinado muitos recursos a esta investigação.

A Inglaterra também não estava muito satisfeita sobre como o Império brasileiro estava tratando a questão da abolição da escravidão. Houve uma tentativa de uma arbitragem internacional feita por parte do rei Leopoldo I da Bélgica, mas os dois países só reataram as relações quando a Guerra do Paraguai começa e o Brasil não tem como manter dois conflitos simultaneamente.

Estes fatos anteriores à Guerra do Paraguai se mostram muito conflitantes em relação a narrativa que foi estabelecida sobre as causas desta guerra e a participação efetiva do Brasil, Argentina e Uruguai atuando como aliados junto com a Inglaterra.
O que você acha aconteceu? Existe alguma outra versão que você conheça sobre a versão de outros historiadores? O que você acha desta versão dos fatos?
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai
Compre meu livro na Amazon:
É como perguntar quem matou JFK.
Mas uma coisa está clara. Controlar a América Latina e evitar o progresso, como vem sendo até hoje através da ignorância e da miséria.
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Quando a gente vê a época que a família real portuguesa foge pro Brasil, e até mesmo quando é governado por D. Pedro I e D. Pedro II dá pra perceber que a Inglaterra tem um grande interesse econômico no Brasil, é por isso que ela ficou pressionando pela abolição e uma das condições pra escoltar a família fujona foi a abertura dos portos brasileiros para “as nações” amigas.
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Republicou isso em Esther Copacabana Pereira da Silvae comentado:
Na escola primária foi um tema que me fez pensar muito.
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Wonderful read! I have read To The Bitter End and other books about this war and it is still difficult to get a cohesive view.
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A bit of a debacle from over here, I hadn’t heard of it before – but these struggles go on in all parts of the world I fear!
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It started in 1864 and over about 1870. It happened when Brazil lived a monarchy. Today, we aren’t in war with anyone.
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