A influência do Japão na arte europeia é conhecida pelo nome de Japonismo. O país asiático passou um pouco mais duzentos anos praticando uma política isolacionista que impedia o Japão de negociar com os ocidentais, o nome dessa política do Sakoku. Porém com a ascensão do imperialismo, um navio americano atracou num porto no Japão forçando a abertura do comércio para os americanos, e logo depois o resto dos países ocidentais.
As xilogravuras do Ukiyo-e logo chegaram ao mercado de arte europeu, numa época em que o impressionismo estava florescendo na Europa. Por causa do isolacionismo japonês, os ocidentais desconheciam diversas coisas sobre o Japão. Até o século XIX a arte oriental chegava através da cerâmica chinesa, que era bem popular entre os nobres, até fazendo parte dos dotes de rainhas europeias. A cerâmica japonesa era um artigo de luxo, pois era muito difícil ter um objeto vindo direto do Japão, pois o país não comercializava com os ocidentais.
Quando reabriram os portos no Japão, as xilogravuras se tornaram uma sensação entre os artistas europeus. Um dos artistas mais famosos que utilizou a influência do Ukiyo-e e das xilogravuras japonesas foi Vincent Van Gogh, uma de suas pinturas japonistas mais famosas se chama A cortesã:

Van Gogh utilizou a palavra Japonaiserie para nomear essas influências da arte japonesa na estética artística europeia. O artista utilizou as pinturas do artista japonês chamado de Hiroshige. Uma das obras de Hiroshige que chamou a atenção de Vincent Van Gogh se chama Plum Park em Kameido:

A gravura acima faz parte da série Cem vistas famosas de Edo. Hiroshige retratou uma árvore ameixeira que produz uma flor bem branca. É uma das árvores que faz parte da paisagem japonesa. Vincent Van Gogh gostou dessa nova estética oriental e fez uma cópia dessa gravura:

Van Gogh utilizou os materiais de pintura da época, isso permitiu que o artista imprimisse mais cores em sua cópia. A cor verde é diferente, e a cópia feita por Van Gogh possuiu o estilo próprio do artista, que foi pintando obras cada vez mais coloridas com o tempo.
Uma outra pintura japonista de Vincent Van Gogh se chama A Ponte na Chuva, que também era uma gravura de Hiroshige:

Nessa cópia, Van Gogh usou tinta europeia e as teorias de cor impressionistas, por isso a pintura de Van Gogh apresenta cores mais vívidas do que a obra de Hiroshige. Van Gogh mostra um estilo próprio na sua cópia, enquanto Hiroshige utiliza menos cores e trabalha com sombras e tons de cores, Van Gogh retrata uma imagem mais colorida.
Mary Cassatt foi uma importante pintora impressionista que também sofreu influências das obras de arte do Japão. A artista gostava das pinturas de Utamaro, um pintor especialista nas pinturas de Ukiyo-e. Esse artista japonês atraiu a atenção de Mary Cassatt por causa do enquadramento que ele dá em suas obras, como podemos ver na pintura abaixo, de Utamaro:

Apesar de adotar a estética japonesa em suas obras, Mary Cassatt não utilizou a técnica de xilogravura japonesa preferindo a técnica conhecida como ponta seca. Uma das pinturas de Mary Cassatt influenciada pelo Japonismo se chama Le Toilette:

Na pintura acima podemos ver as influências do Japonismo e do artista Utamaro, que retratava mulheres em cenas cotidianas, Mary Cassatt também era uma pintora que se dedicava a pinturas de gênero, ou seja, do cotidiano.
Uma outra pintura Japonista de Mary Cassatt se chama Após o banho:

Em após o banho podemos ver a estética das pinturas e xilogravuras japonesas. A paleta de cores, um pouco mais pálida e suave remete às obras feitas pelos artistas japoneses. Essa pintura também mostra uma cena cotidiana, e o foco está na mais na decoração do que na mulher e o bebê.
Até mesmo Claude Monet fez uma pintura japonista, chamada de Madame Monet vestindo um quimono:

Pintar objetos e roupas japonesas também era considerado japonismo. Na pintura acima, de Claude Monet, vemos uma mulher vestindo um quimono e usando um leque japonês. Todas as coisas que vieram do Japão impressionaram os artistas europeus, que não estavam familiarizados com a vestimenta japonesa, os objetos de uso cotidiano e as xilogravuras do Ukiyo-e. Tudo isso causou um grande impacto nos artistas modernistas que passaram a usar essas referências japonesas em sua arte.
Não foi apenas os artistas impressionistas que ficaram impressionados com a estética japonesa, o artista belga Alfred Stevens que não era parte dos movimentos modernistas também fez uma pintura de uma mulher usando quimono, La parisienne japonaise:

A pintura acima mostra uma mulher europeia usando um quimono azul.
Os quimonos também se tornaram muito populares entre os artistas europeus. Gustav Klimt, um artista da moda, que retratava roupas e estampas de moda, também fez uma pintura de uma mulher usando quimono e um leque japonês:

Também vale a pena citar Bertha Lum, um artista americana que foi importante no Japonismo, ela fez com que as xilogravuras japonesas se tornassem populares. Abaixo está uma das pinturas de Bertha Lum:

Com o início e fim da Primeira Guerra Mundial esse tipo de influência japonesa e as estéticas modernistas deixaram de fazer sucesso com o grande público que buscava a harmonia do classicismo na arte.
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Foi realmente uma influência, mas eles entenderam a verdadeira lógica e o significado da arte tradicional japonesa?
Talvez seja como colher uma bela flor da pradaria e colocá-la em seu próprio vaso. Talvez toda influência na arte seja assim.
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Eles não entenderam, virou um modismo. As coisas que vinham do Japão eram raras e somente um rei ou uma rainha tinham esses objetos (cerâmica na maioria das vezes) vindos do Japão. Quando forçaram o Japão a abrir os portos para o comércio ocidental, as coisas vindas do Japão fizeram sucesso porque era algo que ninguém tinha visto antes. Teve um comerciante de arte que foi ao Japão e trouxe muitas xilogravuras, que foram adquiridas por artistas europeus.
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Japanese art is so special 🙂
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