O uso político e ideológico da arte

A arte foi (e ainda é) muito utilizada como uma ferramenta ideológica pelas classes dominantes da vez. Por isso quando surgem ditaduras, uma das primeiras providências do ditador é controlar a arte que é produzida pelas pessoas. A arte também pode ser usada como uma forma de protesto político ou pra fazer alguma denúncia como a obra Guernica de Pablo Picasso.

A história da mídia impressa está ligada à produção de livros e xilogravuras. Os jornais surgiram graças à invenção da imprensa móvel. Além do papel, inventar um jeito de imprimir textos em série foi crucial para que a mentalidade medieval transitasse para uma mentalidade moderna e depois para a contemporânea. Johannes Gutenberg criou um tipógrafo metálico. A distribuição de panfletos impressos com textos políticos foi responsável por conquistar a opinião pública que levaram as revoluções.

Na Revolução Francesa houve um panfleto político que se espalhou por Paris e tinha como título Qu’est-ce que le Tiers-État ? (Qual é o terceiro estado?) escrito por Emmanuel-Joseph Sieyès que foi um político alinhado com as posições da Revolução e também com a opinião popular sobre a nobreza e seus privilégios. Outro panfleto escrito por Sievès foi Essai sur les privilèges (ensaio sobre privilégios). Neste panfleto, Sievès fala sobre a inutilidade da nobreza, e sobre ela ser um grande fardo financeiro para o Estado francês.

Panfleto “Qual é o terceiro estaado?”.

O texto acima vendeu em torno de trinta mil cópias em apenas quatro semanas. Além dos panfletos escritos havia os que continham gravuras e circulavam com uma imagem geralmente chocante, também faziam caricaturas.

Gravura mostrando o terceiro estado se levantando contra os outros dois estados (nobreza e clero).

Antes da formação dos Estados Nacionais, onde vemos a figura de um rei representando o Estado, havia a era medieval, com seus feudos um tanto isolados um do outro e um jeito que surgiu para organizar esta sociedade medieval se concentravam na fé religiosa, especificamente da fé cristã.

No mundo medieval a maioria das pessoas eram analfabetas, não sabiam ler e nem escrever, então a arte foi utilizada como propaganda religiosa. Porém um jeito que a Igreja encontrou de manter o ar místico, as missas eram feitas em latim, que não era a linguagem comum. Fazer rituais em latim transformam qualquer religião em algo superior, secreto e misterioso.

Além da arquitetura das Igrejas, que tinham o formato de cruz. No começo elas eram pequenas e com pouca iluminação, depois se transforam em Catedrais enormes e decoradas por grandes artistas como Michelangelo e Rafael.

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No Renascimento Italiano, a Igreja patrocinava a maioria dos artistas, que pintavam o interior de igrejas, capelas e mosteiros. Uma das obras mais famosas de Leonardo Da Vinci, A Última Ceia era uma encomenda recorrente da igreja para decorar o interior de refeitórios.

A Última Ceia de Leonardo Da Vinci.

Os jesuítas, missionários da igreja que tinham a tarefa de catequizar índios, utilizavam o teatro como uma forma de ensinar aos índios os dogmas cristãos. Um dos escritores mais famosos do século XVI no Brasil foi o Padre José de Anchieta, que criava os famosos autos (um tipo de teatro religioso) e possui diversos escritos destes autos que ele realizava no Brasil.

Padre Anchieta.

O artista renascentista Rafael é muito lembrado por suas obras religiosas encomendadas pela Igreja Católica.

Quando a impressão de livros, principalmente a Bíblia se tornou algo popular, isso resultou na tradução da Bíblia, que assim como as missas, eram todas em latim. Martinho Lutero, o responsável pela reforma protestante, tratou de traduzir a Bíblia para um idioma comum, que no caso dele era o alemão. Além de ter publicado suas 95 teses, em que ele escreveu todas as contradições da Igreja Católica. Lutero era contrário às Indulgências, que na sua época havia se tornado uma espécie de comércio do perdão oferecida pela Igreja.

95 teses de Martinho Lutero.

A Igreja Católica reagiu à reforma protestante, propondo uma contrarreforma que endurecia muitas regras da instituição resultando numa espécie de ativação da Inquisição. Outra forma que a Igreja encontrou para manter os fiéis foi a criação de uma nova arte, mais sentimental, exagerada e emocional; o Barroco. Esta arte foi mais chocante e exagerada na arquitetura e na produção de esculturas.

O Êxtase de Santa Teresinha.

A Igreja também possui um grande acervo de livros e escritos que ela juntou durante os séculos em que era responsável pela ideologia da sociedade europeia. Também era uma forma de controlar a mentalidade das pessoas.

Com a ascensão dos Estados Nacionais, e principalmente dos reis, a arte comprada por esses geralmente eram retratos, alguns eram enviados em missões diplomáticas como um presente. A arte da corte era uma forma de se autopromover e perdeu um pouco do sentido de controle ideológico como era feito pela Igreja. A nobreza conseguiu associar a arte à futilidade. É difícil desfazer esta associação entre pintura e ricos fúteis. Porém existem outras formas de arte que servem ao papel político e sociológico que as antigas obras de arte tinham.

Hoje em dia a arte continua sendo utilizada para controle político e ideológico. Mas com a ascensão da internet e das novas tecnologias esta responsabilidade pulou da arte para as mídias digitais.

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